Entre o cuidado e o caos, personagens que provam que o amor de mãe também é uma força épica nos jogos.
O papel esquecido nas grandes narrativas
O universo dos jogos é cheio de heróis lendários, vilões marcantes e reviravoltas épicas. Mas, entre tantas histórias grandiosas, há uma força que aparece de maneira sutil e, muitas vezes, subestimada: a maternidade. Neste mês das mães, voltamos o olhar para personagens que mostraram como esse papel, tão humano, complexo e emocional, pode ser central na narrativa e nos marcar profundamente, assim como uma mãe.
Freya – A mãe que sacrificou tudo em God of War
Em God of War (2018), Freya é mais do que uma deusa poderosa. Ela é a mãe que, para proteger o filho Baldur, toma a decisão extrema de torná-lo invulnerável. No entanto, sua escolha transforma a vida dele em tormento e os afasta cada vez mais. Freya carrega a dor de um amor que não soube medir limites, mas que, ainda assim, nunca deixou de ser amor. Quando tudo parece perdido, ela continua sendo movida pelo desejo de redenção, mesmo que o caminho seja a vingança. Sua história é trágica, forte e cheia de humanidade.
Apesar de inicialmente aparecer como uma aliada de Kratos e Atreus, Freya guarda segredos profundos e uma dor antiga. Ao longo da jornada, revela-se que ela foi expulsa de Asgard e teve sua magia selada por Odin, como punição por tentar proteger aqueles que amava. Ainda assim, ela não abandonou sua essência: ajudou Kratos a salvar Atreus, guiou-os por Midgard e tentou impedir que o ciclo de violência se repetisse. Quando a verdade sobre a morte de Baldur vem à tona, Freya é devastada, mas sua dor se transforma em propósito. O que antes era instinto de proteção vira uma promessa de vingança. E, com isso, ela deixa de ser apenas uma mãe em sofrimento e se torna uma figura-chave para os eventos que virão no Ragnarok.
Marguerite Baker – O lado sombrio do cuidado em Resident Evil 7
Já Marguerite, de Resident Evil 7, é o retrato mais perturbador da maternidade corrompida. Dominada por uma infecção que altera sua mente e corpo, ela se agarra desesperadamente à ideia de manter a família “unida”. Sua obsessão pelo controle e pelo ambiente doméstico se transforma em terror, sufocando todos ao redor. Embora monstruosa em aparência e atitude, sua figura revela uma distorção extrema do instinto materno, um zelo doentio que beira a loucura, mas que ainda nasce de um desejo genuíno de preservar o lar.
Antes de sua transformação, Marguerite era descrita como uma mulher rígida, mas dedicada à família. No entanto, após ser contaminada pela arma biológica Eveline, seu senso de maternidade se funde ao papel de guardiã e carcereira. A casa dos Baker, que deveria ser um espaço de acolhimento, se torna uma prisão onde Marguerite impõe sua “rotina familiar” de forma agressiva e insana. Ela serve comida contaminada, persegue os visitantes e exige obediência absoluta. Ainda que sua figura gere medo, seu comportamento evidencia como o instinto maternal pode ser manipulado e corrompido, transformando amor em obsessão e cuidado em punição.
O peso da maternidade como força narrativa
Essas duas personagens representam lados opostos, mas igualmente intensos, da maternidade nos jogos. De um lado, temos a mãe que ama tanto que se anula. Do outro, a que se entrega ao controle absoluto em nome de um falso zelo. Ambas são centrais para o desenrolar de suas histórias. Ambas moldam os mundos ao seu redor com suas ações. Em um universo onde muitas vezes a figura feminina é subutilizada, ver mães com protagonismo, profundidade emocional e impacto narrativo é não apenas necessário, mas poderoso. Elas representam o verdadeiro papel de mãe.
Outras mães, outros caminhos
Além de Freya e Marguerite, outras mães digitais também marcaram histórias com emoção, coragem e sensibilidade. Toriel, em Undertale, acolhe o jogador com ternura em um mundo hostil, mas precisa aprender a deixá-lo seguir e tornar-se mãe de outro. Ana Amari, de Overwatch, vive o conflito entre missão e maternidade enquanto tenta se reconectar com sua filha, Pharah. Já Naru, em Ori and the Blind Forest, representa o carinho silencioso e o amor que se manifesta em cada pequeno gesto. Todas, à sua maneira, ampliam o papel das mães nos jogos, não como figuras secundárias, mas como motores da emoção, da mudança e do enredo.
Uma homenagem a todas as mães que moldam mundos
Neste mês das mães, celebramos todas aquelas, reais ou virtuais, que inspiram, desafiam e transformam. Mães que não cabem em rótulos, mas que, em cada detalhe, mostram o quanto o amor, mesmo imperfeito, pode ser a força mais decisiva de todas.
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